Fotos: Jorge Magalhães
A superlotação do Complexo Policial levou a uma nova rebelião na tarde de ontem. Os presos tentaram fugir e conseguiram quebrar as grades das celas, mas foram contidos quando tentavam transpor a outra grade de onde poderiam alcançar a rua.
Os presos fizeram reféns entre eles mesmos. Pelo menos um destes era um estuprador, que foi levado ferido para o Clériston Andrade, quando tudo se acabou, já perto da meia noite. Outros quatro presos precisaram de atendimento médico.
Para invadir o local onde os presos se agruparam o delegado regional chamou o COE (Comando de Operações Especiais) da Polícia Civil, já que o grupamento dispõe de treinamento específico para o tipo de situação; além de armas que dão tiros, mas não matam, usando balas de borracha. Foram trazidos também dois cachorros, um dos quais acabou mordendo um policial na confusão da invasão. O policial saiu de ambulância com o braço sangrando, para o Clériston Andrade, e voltou ainda no final da ação.
Em cerca de 15 minutos o COE invadiu, deu tiros, soltou bombas e acabou com a rebelião. Em meia hora estavam voltando para Salvador, pouco depois de 11 da noite. No Complexo, ficou a tarefa de avaliar os prejuízos e ver como fazer para agrupar os presos.
O espaço é mínimo. Considerando quatro presos por cela, com 15 celas, são 60 presos. Ontem havia quase 150. A rebelião começou logo depois do almoço e o delegado Fábio Lordelo, que já tinha ido para Salvador no fim de semana, teve que voltar à cidade para as negociações. Quase nove horas da noite, depois de pedir a presença de parentes, imprensa e um vereador da comissão de direitos humanos (veio o vice da Comissão, Marialvo Barreto, já que o titular estava fora da cidade), os presos decidiram pedir ainda um documento por escrito, garantindo sua integridade física após o fim do movimento.
Quando o documento foi elaborado, assinado e lido, novas exigências. Os presos queriam que a luz fosse acesa de imediato, que a imprensa entrasse para ver as condições. Mas o delegado não cedeu mais. Argumentou que já atendera todas as reivindicações e sempre eram colocadas novas. Que era, portanto, o momento dos presos cumprirem sua parte. Não houve concordância.
Os policiais acharam que os presos estavam apenas querendo ganhar tempo, talvez preparando alguma retomada da ação. Queixavam-se também que como não havia uma liderança e reivindicações definidas, a todo momento um deles fazia uma nova proposta, impedindo o encerramento da questão. Decidiram então invadir o recinto e para isso o COE foi chamado.
Durante o dia, tinha sido discutida a possibilidade de transferência para o Conjunto Penal de Feira de Santana. Mas a polícia foi informada de que não havia vagas. O presídio de Feira é o mais superlotado do estado. E a polícia civil da cidade prendeu no ano passado mais de mil pessoas. Centenas destas foram soltas. Outras ajudam a superlotar o presídio e o Complexo. A rebelião anterior ocorreu em 24 de dezembro, com outra tentativa de fuga, no dia em que as visitas estavam proibidas.
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