Os políticos se ofendem quando ouvem a frase acima. Se for um dos raros honestos, tem todo o direito de se ofender. Só não pode querer que a população pense diferente.
Vejam a reportagem de Regina Bochicchio, manchete de hoje do jornal A Tarde. Diz que o Ministério Público Federal move 317 ações contra ex-prefeitos. Apenas ações abertas de 2007 para cá.
No Ministério Público Estadual, somente em 2009 foram abertas 310 ações civis públicas por improbidade administrativa praticadas por ex-prefeitos.
A Bahia tem 417 municípios. Ou seja, escapou uma minoria. Dentre os que escaparam, quantos foram verdadeiramente honestos e quantos somente escaparam porque não foram alcançados pela escassa rede de fiscalização?
Na mesma matéria, o promotor Valmiro Macedo – que fazendo dupla com Vladimir Aras tentou, praticamente em vão, punir os crimes cometidos por Clailton Mascarenhas no comando da prefeitura de Feira de Santana – declara o que todo mundo vê no dia a dia, aqui e alhures. “Na Bahia, não há notícia de que alguém tenha ressarcido o erário público. No Brasil, para quem tem dinheiro, o processo nunca transita em julgado” (ou seja, nunca chega ao fim).
E onde é que estes ladrões mais roubam? 80% tomam o dinheiro das verbas da Educação e da Saúde.
Só não esqueçamos que os políticos não roubam sozinhos. A gatunagem é repartida com gente da sociedade civil, sócia da bandalheira. Portanto, não é só político que é ladrão não.
Os procuradores defendem que o cidadão participe mais ativamente da fiscalização. Mas isso não é possível, se os dados não forem colocados na internet, acessíveis a todos, de uma forma clara, sem depender de favor, de ofícios, de autorização, sem precisar enfrentar cara feia. Nem adianta muito saber quanto o município recebe se não se sabe quanto e como gasta.
O governo do estado deu um passo adiante, com o site Transparência Bahia, que é um tanto quanto opaco, mas permite descobrir alguma coisa. O governo federal tem o Siaf, que frequentemente é fonte de informação para descoberta de abusos com o dinheiro público. No nível municipal não há nada. Em Feira de Santana, o prefeito Tarcízio Pimenta, que é tão adepto da tecnologia, inclusive no seu uso como ferramenta de controle, bem que poderia dar um passo nesta direção e fazer do município um modelo de transparência, permitindo ao cidadão a consulta detalhada dos gastos da administração pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário