9.11.09

Fiscalização não encontra chumbinho em Feira

Apesar dos 42 casos de intoxicação, com nove mortes de adultos por causa do chumbinho, registrados no hospital Clériston Andrade em Feira de Santana somente até o final de outubro, a fiscalização da venda irregular da substância na cidade não conseguiu apreender nada este ano.

A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do município, Ely Carla Souza, alega que não recebeu denúncias de venda clandestina e que nas fiscalizações feitas por iniciativa própria, os vendedores escondem a mercadoria e evitam o flagrante.

A média um pouco superior a um caso de intoxicação por semana, no entanto, demonstra o quanto é fácil obter o veneno. No sábado, 31 de outubro, duas crianças morreram envenenadas na cidade e uma na zona rural. Felipe de Jesus Farias, quatro anos e o primo Joanderson Silva do Vale, três anos, moravam em uma localidade denominada Expansão do Conjunto Feira IX. Eles comeram o veneno colocado em um pão que tinha a finalidade de matar ratos que infestavam a casa.

Bruna de Jesus Santana, dois anos, irmã de Felipe, foi a única sobrevivente, mas teve que ser internada na UTI, onde passou a maior parte da última semana respirando com ajuda de aparelhos. A polícia investiga o caso, mas tanto mãe como o padrasto negaram em interrogatório terem sido os responsáveis pela colocação do chumbinho.

Na noite do mesmo sábado, Railan Conceição Oliveira, de apenas um ano e oito meses, morreu no distrito de Ipuaçu, depois de comer veneno colocado em um pão, com a mesma finalidade raticida.

A sujeira na casa e na vizinhança é o que atrai os ratos na Expansão do Feira IX, de acordo com informação da secretaria municipal de Serviços Públicos, que promoveu uma faxina na região. “As pessoas acondicionam o lixo doméstico em sacos plásticos, acumulam por dois ou três meses, para depois tocar fogo”, explica o secretário Luiz Araújo.

A médica Wilma Ribeiro, que coordena a emergência do hospital, adverte que não se deve improvisar nenhum tipo de tratamento a pessoas envenenadas. “Não pode induzir o vômito, nem dar leite nem água”, adverte, citando as práticas mais comuns adotadas por pessoas que acreditam estar ajudando, mas que na verdade podem agravar a situação.

A maior preocupação deve ser com a rapidez no atendimento, por meio de uma equipe especializada. O veneno é muito forte e a pessoa já começa a passar mal e pode até ficar inconsciente poucos minutos depois de ingerir. “Os sobreviventes podem ter danos irreversíveis, como perda da fala e incapacidade de reconhecer pessoas”, relata a médica.

 

Posted via email from Glauco Wanderley

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