A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do município, Ely Carla Souza, alega que não recebeu denúncias de venda clandestina e que nas fiscalizações feitas por iniciativa própria, os vendedores escondem a mercadoria e evitam o flagrante.
A média um pouco superior a um caso de intoxicação por semana, no entanto, demonstra o quanto é fácil obter o veneno. No sábado, 31 de outubro, duas crianças morreram envenenadas na cidade e uma na zona rural. Felipe de Jesus Farias, quatro anos e o primo Joanderson Silva do Vale, três anos, moravam em uma localidade denominada Expansão do Conjunto Feira IX. Eles comeram o veneno colocado em um pão que tinha a finalidade de matar ratos que infestavam a casa.
Bruna de Jesus Santana, dois anos, irmã de Felipe, foi a única sobrevivente, mas teve que ser internada na UTI, onde passou a maior parte da última semana respirando com ajuda de aparelhos. A polícia investiga o caso, mas tanto mãe como o padrasto negaram em interrogatório terem sido os responsáveis pela colocação do chumbinho.
Na noite do mesmo sábado, Railan Conceição Oliveira, de apenas um ano e oito meses, morreu no distrito de Ipuaçu, depois de comer veneno colocado em um pão, com a mesma finalidade raticida.
A sujeira na casa e na vizinhança é o que atrai os ratos na Expansão do Feira IX, de acordo com informação da secretaria municipal de Serviços Públicos, que promoveu uma faxina na região. “As pessoas acondicionam o lixo doméstico em sacos plásticos, acumulam por dois ou três meses, para depois tocar fogo”, explica o secretário Luiz Araújo.
A médica Wilma Ribeiro, que coordena a emergência do hospital, adverte que não se deve improvisar nenhum tipo de tratamento a pessoas envenenadas. “Não pode induzir o vômito, nem dar leite nem água”, adverte, citando as práticas mais comuns adotadas por pessoas que acreditam estar ajudando, mas que na verdade podem agravar a situação.
A maior preocupação deve ser com a rapidez no atendimento, por meio de uma equipe especializada. O veneno é muito forte e a pessoa já começa a passar mal e pode até ficar inconsciente poucos minutos depois de ingerir. “Os sobreviventes podem ter danos irreversíveis, como perda da fala e incapacidade de reconhecer pessoas”, relata a médica.
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