10.3.10

Jazz de primeira em Lençóis

FOTO: REGINALDO PEREIRA

Uma hora e meia de jazz na praça tornaram mais atraente a noite de sábado em Lençóis o principal destino turístico da Chapada Diamantina. A cidade, que fica a 420 quilômetros de Salvador, recebe em 2010 pela primeira vez uma edição do projeto Espicha Verão, com o qual a Bahiatursa desenvolve atividades para estimular a presença de turistas no período pós-férias e pós-carnaval.

No palco, a banda Garagem brilhou com o entrosamento entre seus experientes músicos, executando composições próprias e clássicos da MPB em versão jazzística. O repertório teve a Canção do Sal, antigo sucesso de Milton Nascimento, Pro Zeca, de Vítor Assis Brazil, Chora Negro, de Paulinho da Viola e até uma versão “abaianada” de O meu amor, de Chico Buarque, bem dançante e com toques de arrocha. Liberdades que mais de vinte anos de estrada permitem ao grupo liderado por Rowney Scott e que tem no currículo a abertura do show de Bob McFerrin em Salvador e apresentações no exterior.

Fora do período de férias e longe de feriadões, Lençóis já vive o período de baixa estação. Mesmo assim, a cidade nunca deixa de receber turistas, muitos deles estrangeiros. Os grandes atrativos são os passeios em trilhas, explorando a singular e inesgotável riqueza natural da Chapada. Após o pôr do sol é tempo vago. Falta o que fazer e meia noite quase todas as portas estão fechadas.

Por isto a iniciativa foi muito bem recebida por visitantes e locais. A paulista Sabrina Gomez mora em Barra Grande, na península de Maraú e com a apresentação da Garagem pôde matar um pouco da saudade de um som que é mais comum em sua terra natal. “Trocamos a praia pela Chapada estes dias e esta foi uma compensação a mais”.

O belga Ruppert Dubois também vem de um ambiente em que a sonoridade da noite de sábado é mais familiar. “Estou achando muito bom”, avalizou.

Lúcio Veríssimo, geólogo, é de Salvador, mas mora há 10 anos em Lençóis. Teve uma lan-house na cidade, que agregava a venda de alguns produtos mais sofisticados, como charutos, mas acabou fechando justamente pela falta de um público consumidor mais estável. Além de apreciar a música executada no sábado, acredita que a cidade tem muito a ganhar promovendo eventos do tipo. “Temos eventos aqui, mas não deste nível. A cidade precisa de qualidade, não apenas de um volume de turistas”, opina.

“É muito bom ter jazz. É uma opção a mais para o turista”, aprova o produtor e diretor de cinema Marcelo Góes, que mora entre Salvador e Lençóis, onde mantém a produtora.

A música trouxe esperança para Danila de Lima. Ela trabalha em uma pousada, tem uma irmã que é proprietária de outra e sente o impacto da baixa estação. “Tem pousadas que ficam meses fechadas”, revela. “Shows como esse criam um movimento que pode trazer mais visitantes, inclusive estrangeiros, que são os que possuem mais recursos”, almeja.

A noite teve ainda uma rápida apresentação de um grupo local de garotas apresentando um número de street dance. Os organizadores pretendem no próximo sábado, quando o Espicha Verão retorna ao palco, aliar o jazz do grupo Ímã a uma apresentação mais ligada à cultura local.

Posted via email from Glauco Wanderley

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