6.3.06

Devolve o dinheiro!!!!!!!

Ainda não cheguei aos 40 anos. Portanto, antes de eu entender qualquer coisa sobre política, antes de ser capaz de falar corretamente uma palavra comprida como governador, antes de saber ler e se não me engano antes de ter visto uma televisão pela primeira vez, o Paulo Maluf já era denunciado por corrupção. Eu não soube na época, mas depois fiquei sabendo que, em 1970, como prefeito de São Paulo, ele andou enrolado com uma história de doação de fuscas aos jogadores do Brasil tricampeões no México (Fusca naquele tempo era carro).

Tanto tempo e muitos escândalos depois, o homem descobriu o desgosto de passar uns dias numa cela, ainda que seja luxuosa, comparada aos criminosos que por muito menos vivem anos em presídios com privações quase indescritíveis.

Pois bem, eu não sinto nenhum prazer, nenhum sentimento de vingança por ver o Maluf na cadeia. Ficaria mais feliz se visse, por exemplo, os repórteres pararem de chamá-lo de “doutor Paulo” (conformemo-nos, chamam até delegado de doutor, imagina se não vão chamar assim um político milionário).

Definitivamente, não me importa o Maluf preso nem solto. Mas seria preciso vê-lo pobre. Sim, devolvendo tudo que desviou. Claro, teria que devolver com correção, porque somente o rendimento da aplicação de tantos milhões já o faria rico. Não precisava nem ser condenado a prestação de serviços à comunidade.

Mas não, ficamos aqui ainda neste estágio pré-civilizatório da nação brasileira, comemorando a ensaiada imagem da prisão de um figurão, onde encenam o próprio, a Polícia Federal, os advogados. Tudo só para dias depois vê-lo sair da cadeia.

E antes dele já saiu o Nicolau dos Santos Neto (vulgo juiz Lalau) para a prisão domiciliar. E saiu o Sergio Naya, agora absolvido. E a lista não terminaria nunca.

Mesmo condenado, como se sabe, o réu não vai para a cadeia, porque é primário, porque tem mais de 70 anos, porque tem as costas quentes, porque o ministro da Justiça não quer, porque o Lula não deixa, porque apoiou a Marta, porque ...

Por isso, o caminho é confiscar os bens, tal e qual se faz com os traficantes.

O quê? O dinheiro indo para o erário será desviado pelos valérios, delúbios e dirceus? Certo, mas impedir isso já é uma outra história, um outro estágio de evolução que precisamos alcançar. Porém igualmente ligado à necessidade de melhorar a eficiência do Judiciário.

Publicado na Tribuna Feirense em 14/09/05

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