6.3.06

Engodo caro

Centenas de milhões de reais jogados fora. É a conseqüência mais concreta do referendo sobre a venda de armas e munição, que ocorre neste domingo. O dinheiro jogado fora é o custo de R$ 270 milhões da votação, de acordo com o TSE.
Bons argumentos existem dos dois lados, tanto do SIM quanto do NÃO. Pessoalmente sou a favor da proibição. Mas acontece que proibir a venda de armas e munição como está proposto, não vai alterar nada.
É apenas a tentativa de fazer uma lei nova e diferente sobre o mesmo assunto, para ver se dessa vez pega, quando tentativas passadas fracassaram. Pois andar armado já é proibido. Ninguém, salvo poucas exceções, pode sair pela rua carregando revólver. Andar armado sem autorização é crime inafiançável. Por acaso você já viu alguém ir para a cadeia por isso? As exigências para tirar porte de arma são muitas mas a gente sabe que a rua está cheia de valentões confiantes no revólver que carregam para cima e para baixo.
Os contrários ao desarmamento argumentam que o governo não vai desarmar os bandidos. Bem, a proposta não é mesmo desarmar bandidos diretamente e sim tirar de circulação armas que não só acabam caindo nas mãos de bandidos como também matam quando seus donos, mesmo sem intenções premeditadas e antecedentes criminais, praticam crimes num momento de fúria. Se essas armas da “gente de bem” deixassem de existir, seria um reforço para a paz.
Porém, a lei dará direito a quem já tem armas, mantê-las. Assim como a quem mora longe, isolado na zona rural de adquiri-las. Assim como a quem estiver sofrendo ameaças. Ora, são tantas as concessões que tornam a eventual “proibição” inútil e o referendo uma perda de tempo e dinheiro.
Votar no SIM e acreditar que vai dar resultado em termos de redução das mortes por armas de fogo, é uma questão de fé. Não admira que igrejas e lideranças religiosas em geral estão engajadas deste lado da campanha (recebi até um folheto na rua avisando: “Quem crê em Cristo, vota 2”).

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