7.3.06

SIT é só primeiro passo

Temo que inadvertidamente meu comentário de sexta-feira passada tenha causado a impressão de que me oponho ao SIT. De maneira alguma. O novo sistema é um passo na direção de melhorar o serviço de transporte coletivo na cidade. O problema é que o serviço é muito ruim e apenas bons projetos não irão resolver o problema. Podem ser um paliativo, mas não a solução.
O problema básico é que falta ônibus. Não se admite um bairro populoso como o Jardim Cruzeiro ter ônibus saindo do terminal central somente de meia em meia hora. Não se admite esperar este tempo, penso eu, para canto nenhum, pelo menos não em um dia útil.
A proposta do SIT, de convergirem as linhas para estações de transbordo, de onde se pega outro transporte, sem pagar, é boa, sem dúvida. Racionaliza as linhas (não só para o passageiro mas também para as empresas, é bom observar) e traz economia para parte dos usuários (nem todos se beneficiaram da novidade: alguns vão para o transbordo porque é o jeito, com as mudanças de roteiro introduzidas).
Só que esta passagem pela estação não pode implicar em um grande aumento do tempo da viagem, como está ocorrendo a moradores de vários bairros da cidade. A vantagem de pagar apenas uma passagem mesmo pegando dois ônibus não é suficiente para contentar o passageiro. Transporte não serve apenas para chegar, mas para chegar na hora. Não tem economia que compense os inconvenientes de perder a hora. Se a questão fosse apenas de economia e não de pontualidade, muita gente andaria a pé ou de bicicleta.
Como dizia, o SIT é bem pensado, mas não funciona a contento se não houver ônibus em quantidade suficiente. Transporte coletivo é para ser feito em ônibus e pronto (ou trem ou metrô, quando possível). Van, Kombi, mototáxi, táxi-lotação, são todas alternativas que a necessidade do mercado faz surgir e a falta de emprego formal decente faz crescer. São todas alternativas que não satisfazem da melhor forma a necessidade do usuário de transporte, apenas remediam aquilo que seria pior se não existissem esses improvisos.
Portanto, mais ônibus são necessários. Para quem está dentro é uma questão de segurança e conforto (apesar do desconforto dos nossos coletivos; mas isso é assunto pra outro dia). Para quem está fora, de carro particular, mais gente de ônibus representaria menos vans e menos motos superlotando as ruas e gerando engarrafamento. E para a natureza – e portanto para todos – menos gás carbônico no ar, pela diminuição do número de veículos em circulação (apesar da poluição emitida pelos nossos coletivos; mas isso é assunto pra outro dia).

Publicado na Tribuna Feirense em 25/11/05

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