Ontem (16/02) o jornal trouxe matéria com a direção do Colégio Rotary explicando porque os alunos que fizeram o Enem deram à escola a pior média entre as públicas de Feira de Santana.
Mas quem precisa vir a público se explicar nem é tanto a direção desta escola, última colocada e sim a direção da primeira, o “Colégio Modelo” Luís Eduardo Magalhães. Ou explique-se a Direc. Ou a secretária de Educação. Ou o governador Paulo Souto.
Afinal, o mais bem situado entre todos os colégios “modelo” da Bahia não obteve sequer média 5,0. Os colégios modelo estão reprovados. Os outros também. Não há o que comemorar. Só o que lamentar. A média 31,63 do Rotary não é tão pior do que a média do primeiro colocado da rede pública, que obteve míseros 47,67.
Alguém pode dizer que a educação pública é ruim em todo o país. Mas na propaganda do governo do estado, a Bahia melhora, melhora muito, melhora depressa, melhora mais do que o resto do Brasil, que a bem da verdade não melhora nada há muito tempo. Então, se a Bahia avança tanto, mas a educação permanece como está, ainda que sejam verdadeiras as melhorias alardeadas, elas não irão adiante, porque não se sustentam sem educação.
O Colégio Modelo, na concepção anunciada pelo falecido que empresta o nome a estas escolas, teria que ser uma referência, uma excelência, que serviria de inspiração para toda a rede pública. Luís Eduardo não viveu para implantar aquilo que propôs. Não sabemos se com ele seria diferente, mas certamente seus herdeiros não fizeram jus ao ideal. É um ensino como o de toda a rede pública, de péssima qualidade. Um ensino com o qual nem a Bahia nem o Brasil sairão da situação de pobreza em que patinam há tanto tempo.
Não é por outra razão que Salvador sempre se “destacou” entre as capitais brasileiras com os piores índices de desemprego. É gente demais sem instrução, sem qualificação, disputando as mesmas poucas vagas. Enquanto isso, quando um empregador procura alguém com um pouco mais de preparo, simplesmente não encontra ou tem muito trabalho para encontrar.
Benditos sejam os exames de avaliação, tanto de universitários (pelo Provão) quanto de estudantes dos outros níveis de ensino. E pensar que já foram execrados por tantas agremiações de estudantes e políticos do tipo que é contra tudo que não seja feito por eles (entre os inimigos do Provão, por sinal, se contavam os petistas hoje no poder).
Graças a estas avaliações, as reclamações sobre a calamidade do ensino brasileiro, em todos os níveis, ganham dados concretos e inquestionáveis. Que assim como o Provão provocou mudanças no sistema de terceiro grau (obrigando faculdades, principalmente particulares, a investir em melhorias e qualificação de seu quadro docente), os resultados do Enem tragam vergonha principalmente aos governantes e melhorias no sistema público de educação.
Publicado em 17/02/06 na Tribuna Feirense
7.3.06
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